Por Kycia
O Clube do Filme, de David Gilmour (Reserva 2)
Tema: Biografia e/ou Memórias / Mês: Fevereiro / Editora: Intrínseca / Número de págs.: 230

Sinopse: Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho de 16 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. Diante da desorientação e da infelicidade desse filho-problema, o pai faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola - e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel - desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos pelo pai. Com essa aposta diferente na recuperação e na formação de um rapaz que está "perdido", formaram o clube do filme. Semana a semana, lado a lado, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa de Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do chinês Wong Kar-Way).
Essas sessões os mantinham em constante diálogo - sobre mulheres, música, dor de cotovelo, trabalho, drogas, amor, amizade -, e abriam as portas para o universo interior do adolescente, num momento em que os pais geralmente as encontram fechadas.
Como ano passado eu tinha ouvido muito falar desse livro e como ele estava em promoção [já falei que não resisto a promoções?], resolvi dar uma chance a ele e começar o desafio desse mês com o próprio.
O Clube do Filme traz a história de David, um crítico de cinema [desempregado em boa parte da trama], e de seu filho, Jesse, um jovem rebelde de 16 anos que fuma e bebe tanto quanto o pai e que não quer mais freqüentar a escola. Frente a este problema e observando a desmotivação de Jesse em estudar, David decide propor um acordo a seu filho, no qual ele pararia de ir a escola, poderia dormir até a hora que quisesse todos os dias e não precisaria trabalhar, mas tudo isso com duas condições: que ele assistisse a três filmes por semana, escolhidos por seu pai, e que ele não usasse drogas.
Mediante a tal proposta [irrecusável], Jesse imediatamente aceita e assim, se dá início ao clube do filme.
Ao longo do livro são narrados, por David, episódios ocorridos durante os três anos, aproximadamente, que durou o clube até o dia em que Jesse [finalmente] toma uma decisão para [tentar] encontrar um rumo na sua vida. Só que o leque de filmes apresentados logo no início e as observações sobre eles não passaram de meros detalhes na trama. A ênfase fica no dia-a-dia de Jesse e David, com seus diálogos pra lá de [des]educadores sobre bebidas, drogas, sexo, charutos e afins, ou ainda sobre a localização geográfica de certos locais, como se pode observar na citação abaixo:
“- [...] Depois de Cuba, após um longo caminho, você chega à América do Sul.
- Isso é um país?
Pausa.
- Não, é um continente. Continue em frente, por milhares e milhares de quilômetros, atravessando florestas e cidades, mais florestas e cidades, e você chegará até o sul da Argentina.
[...]
- Aí é o fim do mundo?
- Mais ou menos.”
Página 94

Bem, vou ser sincera quanto ao que eu achei do livro: realmente, não gostei. Assim, aparentemente, a história é legal e inovadora, massss, na verdade, achei que todo o contexto foi sem propósito.
Ok, deixe-me explicar melhor: não gostei do livro, porque achei a proposta feita por David, que é a base de toda a história, sem fundamento. Gente, me fala qual adolescente nunca pensou em não ir mais à escola, ou em fazer qualquer outra coisa a ficar fazendo dever de casa? Acredito que praticamente todo mundo já passou por uma fase deste tipo. Agora, imagina se todos os pais deixassem que seus filhos parassem de estudar para fazer... nada, além de ver filmes e esperar que, um dia, eles resolvessem buscar um sentido para suas vidas. Que tipo de sociedade nós iríamos ter?
Não estou dizendo que os filmes não podem servir como um meio de educar. Mas, acho que só eles não conseguem cumprir o papel da educação. A escola, a faculdade, as provas, os deveres de casa, tudo isto é necessário para nos ajudar a amadurecer.
Acredito que teria sido bem mais interessante se o autor tivesse proposto o clube do filme simultaneamente à escola, ou seja, se este clube fosse um complemento, uma motivação para o aprendizado e para uma relação mais íntima de pai e filho.
Enfim, o livro só não foi uma decepção maior, porque minhas expectativas para ele já não eram muito altas. Acho que a única coisa boa foi a lista dos filmes clássicos, apesar de que não era nem preciso comprá-lo para se ter acesso a uma lista assim.
Dessa vez, não vou recomendar nem deixar de recomendar. Só posso dizer que, infelizmente, pra mim O Clube do Filme não passou de um livro bobo e sem surpresas.
Então é isso. Bjos e até a próxima!!

Nota da capa: 5/5
Comentários: A fotografia e o detalhe do título formaram um ótimo atrativo. Pena que o conteúdo não tenha tido o mesmo capricho. =/
Nota do livro: 1/5


12 Comments

  1. Li esse livro no meio do ano passado. Eu fiquei bem animada com a capa e com o fato de ter bastante de cinema na história. Mas no fimd as contas, não gostei muito não. E como vc, só gostei mesmo da lista de filmes no final hahahah

    bjus

    Por Sami

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  2. Assim não vai ter um leitor dessa resenha que queira ler este livro, kkk. bjs

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  3. Nossa, quando eu li o titulo e vi a capa eu pensei "COOOOOOOOOOOOL!", mas pelo que você falou não parece ser muito bom... Bem, vamos ver, ainda sim, eu fiquei meio curiosa...

    Bjs.

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  4. TEm que ser sincera mesmo em dizer se gostou ou não, assim abrimos espaço para ler outros livros que realmente valham a pena, acho que é pra isso que serve o desafio, trocarmos informações, figurinhas, livros, sei lá, e evitarmos decepções (por exemplo, se eu pegasse esse livro, minha expectativa estará em -1, srsrsrs).

    Obrigada por compartilhar, gostei da resenha...

    Beijos

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  5. Kycia
    Eu concorco que no dia a dia isso nao pode dar certo, mas tenho a impressao de que um fato isolado, de um adolescente problematico e a tentativa de uma abordagem muito diferente de um pai pode dar certo, como deu. Gostei da sua resenha, vou anotar o livro na minha lista. Beijos

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  6. Eu sou do time da Larissa. Acho que, em alguns casos, educação formal nada faz pelo jovem. Quantos eu não vi, em escolas particulares e públicas, que decidiram por fazer um supletivo e tocar suas vidas com outras coisas? A escola, nesse modelão clássico, não estimula mesmo. Lembro sempre de Os incompreendidos do Truffaut. Não que as escolas sejam assim hoje em dia, mas há um engessamento. Necessário até para que continue funcionando. Não sei se resolveria com livros, com filmes, com peças teatrais. Sei é que cada um tem seu tempo...

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  7. Li esse livro também para o desafio desse mês e confesso que gostei muito dele - gostei do relacionamento dos dois, da forma como o David faz questão de participar da vida do filho e como o Jesse se permite à essa aproximação.

    É bom também lembrar que o sistema educacional nos Estados Unidos é diferente - bem diferente - do nosso.

    Se eu fosse a mãe do Jesse, confesso, essa não seria a atitude que eu tomaria; até porque aqui no Brasil, se eu não mandasse meus filhos para a escola seria denunciada no conselho tutelar ou coisa do tipo - e porque acho que uma educação formal é muito importante.

    Mas é uma realidade diferente a deles, e, no final das contas, a coisa funciona para Jesse e David e, mais importante, o Jesse decide correr atrás do que perdeu. Acho que essa decisão, que partiu dele e apenas dele, se traduz num sucesso do David.

    O importante, como o pessoal já disse, é exatamente ser sincera na resenha. Tivemos pontos de vista diferentes, mas entendo perfeitamente seus fundamentos. Ótima resenha!

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  8. Gente, obrigada pelos comentários!!
    Pois é, ñ gostei nada do livro, massss, quem tem interesse de ler, por favor, ñ deixe de fazê-lo só por minha causa, até pq, como falei acima, ñ recomendei e nem deixei de recomendar. Simplesmente Acho q isso depende do gosto de cada leitor, ok?!
    Obrigada pelas opiniões diversas e continuem participando!!
    Bjos!!

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  9. Oi, Kycia!
    Menina, mas que ideia desse pai! Bom, mas se deu certo com o garoto, quem sou eu para criticar! rsrs
    Não tenho interesse nesse livro, acho até que já dei uma olhada nessa lista de filmes do final, talvez em alguma reportagem da veja...

    E tem que ser sincera mesmo, de que vale fazer uma resenha sem dar opinião, uai?! Nenhum livro vai agradar a todo mundo e gosto vai de personalidade...

    Bom, parabéns pela resenha e obrigada por comentar lá na minha! rsrs

    Bjooos

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  10. Olha só que debate interessante que rolou aqui nos comentários #adoro
    Como não li este livro fica difícil opiniar, mas fecho com a Lulu quando ela argumenta que nossa realidade é muito diferente da norte-americana, o sistema educacional deles não poderia ser mais diferente do nosso, por isso é difícil que consigamos olhar para esta situação sem esbarrar em juízos de valor, eu mesma ao ler a resenha pensei: báh mas que louco, deixar o guri sair da escola. É óbvio que não tinha nem me dado o trabalho de refletir e me aprofundar no contexto da obra, enfim acredito que gostaria deste livro hihihihi
    Quanto à sinceridade na resenha em dizer que não gostastes do livro e explanar os motivos que embasam esta opnião é o mínimo que eu espero, por isso adorei teu texto, parabéns!

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  11. Eu tenho o livro aqui em casa, mas ainda não tive tempo de lê-lo.
    A sua opinião a respeito da obra aguçou minha curiosidade.
    Concordo que a educação é fundamental na vida de todo ser humano.
    A formação escolar é importante? Sim.
    Mas, educação se faz em qualquer lugar. Em todos os momentos, aprendemos.
    Em muitos aspectos, a escola deseduca.
    É importante que os pais acompanhem os seus filhos e se façam mais presentes na educação das crianças.
    Enfim, tenho de ler a obrar para opinar com mais propriedade.
    Parabéns pela resenha.

    Abs, Rê

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  12. Gente, que debate bom, sô! Eu ainda não li o livro, mas ele tem lugar garantido na minha lista de livros a ler. Além disso, por conta da resenha da Kycia, quero tirar uma opinião sobre o que foi dito aqui. No mais, tenho desacreditado muito da chamada "educação formal". A pedagogia anda pra lá de ultrapassada preparando o indivíduo para exames ao invés de ajudá-lo na construção de sua cidadania. Mas, quero conhecer a história desse pai e desse filho para situar minha opinião dentro desse contexto. Mandou bem, Kycia!

    Beijocas

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