DESAFIO LITERÁRIO 2011 – LIVRO  REPORTAGEMS – MAIO
102 MINUTOS  A História Inédita da Luta Pela Vida nas Torres Gêmeas  Jim Dwyer e Kevin Flynn
 
Por Fabiane Siqueira

102 Minutos. Entre o instante em que se iniciou o ataque às Torres Gêmeas do World  Trade Center, às 8h46 do dia 11 de Setembro de 2001, e o momento em que a última torre desabou, passaram se 102 minutos. É este intervalo de tempo que os jornalistas Jim Dwyer e Kevin Flynn, repórteres do New York Times, recriam neste livro eletrizante. Para isso, adotam uma estratégia reveladora: dar voz às pessoas que estavam dentro dos prédios naquele momento. Oficialmente, a administração da cidade de Nova York informa que 2749 pessoas morreram nos ataques ao Trade Center.

O livro narra os acontecimentos daquele fatídico dia e conta também os aspectos estruturais  das torres, as leis da cidade de Nova York sobre edificações

O livro impressiona pela quantidade de informações desencontradas entre Bombeiros, Policiais, Autoridades e falha no sistema de comunicação dos prédios e entre os serviços  de emergência.

Muitas informações desencontradas, elevadores presos, escadas bloqueadas e ordens de não saírem de seus escritórios resultaram em uma tragédia muito maior do que se podia prever pelos terrorristas. Muitas pessoas simplesmente não tiveram como fugir do prédio, pois estavam nos andares acima do ponto de impacto dos aviões e as rotas de fuga ficaram destruídas ou impossibilitadas de serem usadas, seja pelos incêndios ou seja pelos escombros...Muitas acreditaram ate o fim de que as Torres não cairiam.Em um primeiro momentos muitos acreditavam que o impacto que haviam sentido seria de uma bomba, como havia ocorrido  em 1993.

Livro com muitas informações, porém objetivo. Mostra os últimos momentos daquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de se salvarem. E mostra também, claramente, que a Cidade de Nova York, com seus construtores, incorporadores, com o objetivo claro de lucro, regulamentaram normas e leis imobiliárias,  que no caso do Trade Center, foi decisivo para sua derrocada.


Resenha do livro: O livreiro de Cabul.

Asne Seierstad. Editora: Record. Pag.316

Tema: Livro Reportagem Mês: Maio

Olá Pessoal, a leitura do livro é uma Fascinante mostra um mundo do qual nós brasileiros conhecemos muito pouco, embora acho que mesmo que as pessoas falem sobre a cultural não ocidental, tudo  é uma questão de ponto de vista.

Resumo

O Livro conta a história Sultan Khan, nome fictício dado ao homem a quem Seierstad conheceu depois de ários meses fazendo a cobertura da guerra contra os talibãs. A jornalista viu em Khan aparentemente a oportunidade de revelar outra faceta do país, uma vez que Khan é um homem aparentemente liberal, que resistiu aos comunistas e ao Talibã para manter a sua livraria aberta. É uma tentativa de mostrar outra faceta do Afeganistão, diferente daquela dos comandantes, soldados e das vítimas da guerra jornalista já havia entrevistado anteriormente.

A jornalista Seierstad teve a oportunidade de conviver, na casa do livreiro, com sua esposa, cinco filhos e outros parentes diversos, com quem acabou dividindo os quatro cômodos da casa. Tendo chegado no país com a "roupa do corpo", ao mesmo tempo sofreu e tirou proveito da burca ("aperta e dá dor de cabeça, enxerga-se mal através da rede bordada") para circular incógnita em mercados, ônibus e até mesmo em um banho público de Cabul. 
A sorte da jornalista foi poder falar o inglês com alguns membros da família, uma vez que não falava o dialeto
persa da família. Assim, pôde anotar relatos sobre a infância deles, sobre seus casamentos e suas memórias de guerra. Mesmo quando testemunhou o filho adolescente de Khan ser obrigado há trabalhar 12 horas por dia, sem poder estudar, a jornalista jamais se intrometeu nos conflitos familiares.

Como trechos marcantes gostaria de salientar:

___ Horrível ! Havia rapazes na sala de aula!

Os outros olham boquiabertos.

___ Isso não é bom __ diz a mãe.__ Não deve mais voltar lá.



Nota: 4


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Por Cris Lasaitis

Normalmente, quando as pessoas que convivem comigo descobrem que sou escritora de ficção científica, a reação costuma ser de estranhamento. Não sei bem a razão, talvez porque nunca foi comprovada a existência de vida nerd loira, ou – o que é mais plausível – porque não entendem nada sobre ficção científica.
“Ficção científica? Historinhas de naves alienígenas? Que coisa mais infantil! Mais cafona, fora de moda…!”

Pois eu digo a você que ficção científica é tudo de bom. E é uma pena que as pessoas não conheçam, e por não conhecer, confundam-na com um produto adolescente, irreal, que só agrada a nerds e gente estranha. Isso faz com que a FC permaneça intocada como uma ilha de desconhecimento cercada de ignorância por todos os lados. O preconceito contra o gênero foi construído em dois níveis bastante diferentes: o daquelas pessoas que não sabem nada sobre tudo – a população analfabeta funcional – e o daquelas outras que pensam que sabem demais – os acadêmicos e literatos –, detentoras da ignorância culta, míope e com armações de tartaruga.

Pode parecer idiota que alguém dê importância a essas pequenas querelas literárias, mas é em razão do preconceito que muitas editoras simplesmente excluíram o gênero de suas linhas de publicação e muitos escritores fogem do rótulo na tentativa de serem “levados a sério” pelas academias.

E por falar em academias… Atualmente, Doris Lessing é a única autora de FC (entre outros gêneros) a ser laureada com o prêmio Nobel de literatura. Não obstante, a série Shikasta – de ficção científica – é das menos citadas de sua produção literária. Como é praxe, os livros de um recém-ganhador do Nobel costumam ressuscitar nas prateleiras das livrarias. Foi isso que aconteceu com as obras de Lessing, que foram reeditadas e hoje podem ser encontradas com folga nas principais redes livreiras. Você só não vai encontrar Shikasta…

E o que é ficção científica, afinal?

É um gênero muito rico, que engloba vários subgêneros, comportando obras tão diferentes entre si que muita gente nem suspeita se tratar de FC. Costumam designa-la também como ficção especulativa, porque sua função é especular sobre realidades diferentes e explorar novos universos de possibilidades. É a ficção do: “como seria se…?”, e sobre essa pergunta, os autores constroem universos inteiros dentro de uma complexidade própria, abordando aspectos científicos, políticos, tecnológicos e culturais; partindo de premissas que nos conduzem a reflexões por horizontes além dos limites do convencional. E é aí que reside o grande valor da ficção científica: ela exercita a criatividade, a imaginação, o raciocínio, o poder de abstração e a flexibilidade de pensamento. São habilidades exploradas pela literatura como um todo, mas que florescem de forma especial quando a ficção extrapola as fronteiras do cotidiano.

A ficção científica pode ser fatiada em vários subgêneros, que não são absolutos. Muitas obras não podem ser classificadas dentro de uma vertente ou outra, por reunirem características de vários subgêneros. Farei um resumo das principais vanguardas da FC, mas entenda que as fronteiras que separam uma e outra são tênues, algumas fizeram sentido em momentos específicos da literatura, outras são divisões tão virtuais quanto as dos times de futebol.

Hard Science Fiction

Cena de 2001 – Uma Odisséia no Espaço
É um dos gêneros mais clássicos da FC, cujo principal representante é o escritor Arthur C. Clarke e sua famosa Odisséia 2001. O grande barato da FC hard é dar embasamento científico para as maravilhas tecnológicas inventadas pelo autor, valorizando a acurácia, a viabilidade técnica, os detalhes, a verossimilhança. Imagine uma nave em órbita, a milhares de quilômetros da Terra, e pense numa forma de fazer com que nela exista gravidade. Esse é um problema clássico para os diretores de Hollywood (tendo em vista que a gravidade zero pode gerar um buraco-negro no orçamento de um filme). No filme Armageddon, a solução foi instalar um “botão de gravidade” na parede da nave; já na Odisséia 2001, a solução de Arthur Clarke foi dar à estação orbital um eixo de rotação mantido por inércia, para que a força centrípeta sirva como gravidade simulada. Nesse quesito, a ficção hard passa muito perto da ciência aplicada, e, como próprio nome diz, é hard – dura, difícil – porque exige que o escritor tenha um bom conhecimento científico.

Além da série Odisséia, outras obras interessantes são Encontro com Rama, A Cidade e as Estrelas e O Fim da Infância; todas essas do vovô Clarke.

Soft Science Fiction
Arte de capa de Um Estranho Numa Terra Estranha, de Robert Heinlein

Contrapondo à ficção hard, que tem foco nas ciências exatas e tecnologia, a ficção soft é centrada no ser humano e na sociedade. Refere-se, de modo geral, às obras de ficção científica com um pé nas ciências humanas, cujo intuito é, através de comparações, tecer críticas sobre os modelos sócio-culturais e político-hierárquicos de nossa realidade. A soft sci-fi floresceu nos anos 60/70, num momento histórico de grandes transformações sociais; época em que o movimento feminista estava nas ruas, nascia o movimento gay, triunfava a luta pela igualdade racial com a derrubada das leis racistas nos EUA, a América Latina sofria com o cabresto das ditaduras militares e o mundo vivia sob a tensão da Guerra Fria.

Os autores que mais se destacaram nesse gênero foram Robert Heinlein (com Um Estranho Numa Terra Estranha) e Ursula K. Le Guin (com A Mão Esquerda da Escuridão e Os Despossuídos).

Em A Mão Esquerda da Escuridão, Le Guin apresenta um planeta onde vive uma espécie humana muito singular pela característica de ser totalmente hermafrodita e andrógina. Não existem sexos nem papéis sexuais pré-estabelecidos, toda e qualquer pessoa pode ser pai e ser mãe. Na viagem através desse mundo, o leitor experimenta a vivência de uma realidade onde a dicotomia mais básica da nossa psique – o masculino/feminino – é rompida. Uma experiência literária e tanto!

Distopia
Grandiosidade é a marca registrada dos regimes autoritários

Um gênero inteiro dedicado a tratar de utopias que saíram pela culatra. Ficção ou nem tão ficção assim, as distopias exploram meios de opressão institucionalizada, cujos padrões se repetem interminavelmente na história da humanidade. É provável que estejam entre as obras mais conhecidas da ficção científica (raramente assumidas como FC): Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), 1984 (George Orwell), Farenheit 451 (Ray Bradbury), Laranja Mecânica (Anthony Burgess), O Caçador de Andróides (ou Blade Runner, Philip K. Dick) e The Handmaid’s Tale (Margaret Atwood). No cinema, bons exemplos são os filmes Gattaca, Filhos da Esperança, Aeon Flux, além das adaptações das obras já citadas. A receita da boa distopia é angustiar o leitor situando-o numa atmosfera opressiva, de regras intrincadas, leis injustas, estreita vigilância, desesperança e desilusão. Um dos meus livros preferidos nessa vertente é The Handmaid’s Tale, que remonta a um Estados Unidos alternativo dominado por uma ordem religiosa fundamentalista que instituiu uma estrutura social rígida baseada nos preceitos do Velho Testamento. Para tal, todas as mulheres perdem o status de cidadãs e são apropriadas pelo Estado, grande parte delas se tornam aias, na verdade, ventres-de-aluguel, e são mandadas para as casas dos coronéis do sistema para lhes dar filhos. O detalhe é que após uma guerra química os homens ficaram estéreis, e caso as aias não consigam conceber a curto-prazo, são enviadas para campos de extermínio. Injustamente, The Handmaid’s Tale é uma obra pouco conhecida no Brasil, (onde foi publicada como O Conto da Aia, em 2006, pela Rocco). Na minha opinião, é uma distopia tão potente quanto 1984.

Space Opera
Duna, de Frank Herbert, já está na sua terceira adaptação cinematográfica

A faceta mais pulp da FC. Aqui estão as guerras de naves que fazem barulho no espaço, as pistolas de raios-laser, os caçadores de recompensa e salvadores de mocinhas indefesas raptadas por monstros do espaço sideral. O space opera traz a marca das aventuras melodramáticas e românticas, do maniqueísmo – bem versus mal (sendo que o bem sempre vence no final) – gerador de heróis galantes invencíveis e vilões terríveis e feios. São exageros e clichês inumeráveis, mas que fizeram história no cinema e nos folhetins estilo Amazing Stories. Algumas obras que flertam (muito) com o space opera são Star Wars, Battlestar Galactica e Duna (de Frank Herbert). Em Duna, por exemplo, há uma atmosfera messiânica cercando a figura do herói, Paul Atreides, que move uma guerra contra seu arqui-inimigo, o maquiavélico Barão Harkonnen, para vingar a morte de seu pai e reconquistar o poder sobre seu feudo – o planeta Arrakis-Duna. Nada aqui é tão simples ou tão bobo como os clichês do space opera fazem parecer. Herbert teve o mérito de construir um cenário magnífico, com tramas políticas complexas e uma saga muito envolvente e bem narrada, que tornaram Duna o mais venerado épico da ficção científica.

Cyberpunk

A inconfundível estética cyberpunk

Vida desgraçada com alta tecnologia – essa é a premissa e a promessa do estilo cyberpunk. Tudo começou em 1984 com a publicação de Neuromancer, de William Gibson, um romance tão diferente de tudo que existia até então, que provocou um impacto imediato e profundo na ficção científica. Aqui, o hacker é o herói, o ciberespaço é o campo de batalha, o submundo das ruas é o cenário, o capitalismo selvagem é o pano de fundo, os implantes ciborgues, computadores e aparatos eletrônicos são o tempero.

O cyberpunk é dotado de um apelo estético poderosíssimo, reconhecível a quilômetros de distância. São comuns os cenários noturnos das megalópoles industriais, as roupas escuras de tecidos sintéticos, aparelhagem tecnológica, muitos implantes, sexo, drogas e rock’n’roll, o estilo de vida desconexo e anfetaminado, o palavreado de sarjeta, espiões, mercenários, samurais pós-modernos, figurões da máfia, inteligências artificiais, megacorporações, a coisificação generalizada, o desencantamento da realidade e o sempre presente mundo virtual. Foi com Neuromancer que nasceu a idéia do ciberespaço, uma profecia que se realizou anos mais tarde com o surgimento da internet. Já outro clássico cyber, Snowcrash (Nevasca), de Neal Stephenson, originou a idéia de realidade virtual compartilhada, o que hoje temos com o Second Life.

Se você está pensando em Matrix, acertou. A rede matrix, propriamente dita, surgiu em Neuromancer, que foi o ponto de partida para a trilogia cinematográfica Matrix, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

O cyberpunk nasceu como a profecia de um “futuro terrível, porém provável”, ao menos, era o futuro para o qual o mundo parecia estar caminhando nos anos 80. Mas hoje em dia o futuro não é mais como era antigamente. A onda cyber nos atingiu, legou-nos a internet, os celulares e as noites delirantes em companhia dos computadores; e passou… tantas coisas mudaram, tantas ficaram como sempre são. É nesse instante que o filósofo olha para o hacker e pergunta: “e agora? o que vem depois?”, e o hacker responde: “Não vem. O cyber morreu. Viva o pós-cyber!”

Steampunk
Amostra de um futuro que jamais houve

Um dia William Gibson (o mesmo autor de Neuromancer) acordou com um bug nas idéias, se reuniu com Bruce Sterling e juntos eles decidiram desenterrar o projeto da máquina diferencial de Charles Babbage (que se tivesse funcionado teria se tornado o primeiro computador da história, isso em… 1822!), puseram-na para funcionar sob forças fictícias e criaram um desvio na história, situando a revolução da informática um século antes que ela realmente acontecesse. O resultado foi The Difference Engine, outro romance que chegou para abalar a FC com estilo.

Imagine você que maravilha o mundo computadorizado batendo cartões em máquinas a vapor, os céus tomados por zeppelins movidos por piloto automático e a Rainha Vitória atravessando os oceanos com os submarinos da Nautilus Rapinante Ltda. Sim, isso mais parece Júlio Verne recauchutado, com engrenagens de ouro e rococós barrocos. O steampunk – punk a vapor – é a tendência que veio explorar o progresso científico que o passado poderia ter vivido e que jamais aconteceu. A premissa sempre é fundamentada em um ponto crítico da história, gerando um desvio para uma revolução tecnológica bem-sucedida.

Nos quadrinhos, o gênero foi muito bem explorado por Alan Moore em A Liga Extraordinária (cuja adaptação cinematográfica deixa a desejar). E mais recentemente, o filme A Bússola de Ouro traz uma linda amostra dos devaneios estéticos do steampunk.

Na verdade, o punk a vapor é um gênero pouco ou nada funcional, mas com um apelo estético fortíssimo, retro-futurista e quase parnasiano. Em outras palavras: “essa engenhoca do vovô não serve pra nada, mas é tão bonitinha, tão legal, tão bacana…!!”

História Alternativa


E se…?

E se os nazistas tivessem ganho a segunda guerra mundial? E se Napoleão vencesse a batalha contra a Rússia? Como seria se a colonização holandesa tivesse vingado no Brasil?

Perguntas desse tipo deram origem a um gênero inteiro dentro da ficção especulativa que se dedica a recontar a história, criando realidades alternativas que divergiram da nossa em um ponto crucial do passado.

A obra mais conhecida é O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick, que responde exatamente à questão: e se o Eixo tivesse vencido a segunda guerra? O romance de Dick apresenta um mundo dominado por duas potências: Alemanha e Japão. Os personagens são pessoas comuns oprimidas pela estrutura social fundamentada nas ideologias racistas que se tornaram parte do zeitgeist dessa nova ordem mundial, onde os negros são escravos e os poucos judeus que ainda existem vivem na iminência do extermínio.

Também é digno de nota o livro Outros Brasis, de Gérson Lódi-Ribeiro, que traz insights de realidades alternativas brasileiras. Por exemplo, se o Quilombo dos Palmares tivesse resistido, teriam os quilombolas criado seu próprio Brasil Palmarino? E ainda, se o Paraguai tivesse ganho a Guerra do Paraguai, teria se tornado a potência sulamericana que de fato prometera ser? E não seria o Brasil somente um paisinho agrícola sob sua esfera de influência? Questões intrigantes, possibilidades infinitas.

New Weird


Concepção artística de Perdido Street Station
Novo estranho. Novo, muito novo mesmo, tem sido considerado por algumas pessoas o gênero da vez. E como toda avant-garde que se preze tem um manifesto de origem, cito o manifesto new weird, na definição de Jeff VanderMeer:
“New weird é um tipo de ficção urbana de segundo mundo, que subverte as idéias romantizadas de ‘lugar’ encontradas na fantasia tradicional, principalmente pela escolha de modelos complexos e realistas de mundo como ponto de partida para cenários que podem combinar elementos tanto de ficção científica como de fantasia.”
Em outras palavras, é uma ficção que acontece em um lugar que pode ser qualquer lugar, e faz uma miscelânea de influências mil, colocando no mesmo balaio elementos que não têm aparentemente nenhuma relação entre si. É um estilo que apela para o bizarro e o estranho, e também tem uma estética própria – muuuuiiito psicodélica! O gênero é tão novo que existe apenas um autor que é rotulado new weird por unanimidade: China Miéville, e sua obra considerada a última bolacha do pacote: Perdido Street Station.

Quem fez uma incursão no gênero foi Alan Moore, com a série de quadrinhos Promethea. Promethea é um arquétipo de heroína que se manifesta sob inspiração em algumas mulheres – e homens também – abrindo os portais de um universo semiótico de faz-de-conta, onde vivem os arquétipos. É uma história se passa em um lugar que poderia ser qualquer lugar no mundo, e bate no liquidificador elementos de ficção científica, policial, noir, fantasia, mitologia e o que mais a imaginação puder comportar…

Conclusão
Após um longo período de estiagem, as editoras brasileiras voltaram a se interessar pela ficção científica. Há iniciativas tímidas de reedição de clássicos e algumas publicações inéditas isoladas. É certo que nestes últimos dois anos se publicou mais FC no Brasil do que nas duas últimas décadas. Se você se interessar em conhecer mais, aqui vai uma dica: não procure a prateleira de “ficção científica” nas livrarias, pois as melhores obras do gênero não estão rotuladas como tal. Antes disso, procure pelo nome dos autores indicados, e considere eventualmente procurar livros em sebos.

Tenha em mente que muitas paixões despertaram quando o livro certo caiu nas mãos certas.

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Cris Lasaitis é Cris Lasaitis é pesquisadora, escritora de Ficção Científica/Fantasia e autora do livro "Fábulas do Tempo e da Eternidade".

Mais obras publicadas:
Todas as guerras vol.1
Paradigmas vol. 1
FC do B 
Visões de São Paulo




Mais um mês que se foi. Com o final do mês de março chegam ao fim também as resenhas sobre o tema proposto para esse mês. E a quantidade de resenhas foi mais uma vez significativa. As escolhas de todos, de uma forma ou de outra, contemplaram o gênero épico, um gênero bastante caro à literatura. E para o encerramento de março, convidamos o leitor e blogueiro Rafhael Soares, ou Elaphar, que participou conosco desse desafio, para nos deixar um depoimento sobre como foi ler e resenhar obras épicas (gênero que ele seguiu a risca em suas escolhas). Além do depoimento ele compartilhou uma lista de obras épicas interessantes que poderemos ler no futuro. Confere:

    Apesar de meus amigos acharem o contrário, comecei a ler muito tardiamente. Apesar de iniciar tarde no magnífico universo da literatura, possuo uma formação (e preferência) literária bastante canônica desde meu primeiro livro, que foi o clássico “Memórias Póstumas de Brás Cubas” do mestre Machado de Assis. Como leitor do grande cânone, não poderia deixar de ter uma grande paixão pelo gênero épico. Desde o início do ano, esperava pelo mês de março, só para falar sobre o épico e resenhar as grandes obras do gênero, e quando o DL viu meu texto de abertura e colocou no blog do desafio, fiquei honrado. 

    O épico é o gênero que mais influencia a cultura popular, da mesma forma que é o que mais se aproveita da mesma. Ler um épico é penetrar no imaginário de um povo, de uma identidade. Há uma série de obras épicas para todos os paladares, desde épicos herméticos à infanto-juvenis. Uma pena não poder ler e resenhar tudo, pois também leria e resenharia Hemingway e A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson de Selma Lägerlof, mas esses me aguardam para o mês Nobel de Literatura.

    Foi um grande prazer ler e resenhar este mês, em particular todo o ciclo do Anel dos Nibelungos de Wagner, a Morte em Veneza de Thomas Mann, a Eneida de Virgílio e o Livro de Juízes. Norteei minhas escolhas pela variedade cronológica em primeiro lugar, e em seguida pela diferença de qual identidade a épica se refere (o que me fez substituir o Nibelungenlied por Juízes). Como a função do crítico é moldar um cânone, procuro expor alguns livros que formariam uma boa biblioteca de épicos, a lista não pretende ser exaustiva, embora procurei colocar os livros nos mais variados estilos:

Épica Clássica
Ilíada e Odisséia - Homero
Eneida - Virgílio 
Épica Religiosa
Livros do Documento Javista - Javista
Josué - Anônimo
Juízes - Anônimo
Samuel - Anônimo
Esdras - Anônimo 
Épica Medieval
A Canção dos Nibelungos - Anônimo
A Divina Comédia - Dante
Jerusalém Libertada - Torquato Tasso
Don Quixote - Cervantes
Perceval - Chrétien de Troyes
Lusíadas - Camões 
Épica Moderna em Verso
I-Juca Pirama - Gonçalves Dias
Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles
Guesa Errante - Sousândrade
Canto General - Pablo Neruda 
Romance Canônico de inspiração Épica
Ulisses - Joyce (Trad: Antônio Houaiss)
Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
Doutor Fausto - Thomas Mann
As Aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
O Velho e o Mar - Hemingway
Incidente em Antares - Érico Veríssimo
Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar
O Homem que Não se Vê - Geza Gardonyi 
Romance não-canônico de Inspiração Épica
O Senhor dos Anéis - J.R.R.Tolkien 
Se você tiver acesso a outras línguas, também indico as seguintes obras:
Pharsalia [A Farsália] - Lucano
Beowulf - Anônimo
La chanson de Roland [A Canção de Rolando] - Anônimo
Der Freischütz [O Franco Atirador] - Weber
Der Ring des Nibelungen [O Anel dos Nibelungos] - Wagner
Parcifal - Wagner
Max Havelaar - Multatuli
Egri csillagok [Estrelas de Eger] - Géza Gárdonyi

Acesse, leia e comente as resenhas escritas por Raphael para março no Desafio Literário:


 

Conforme sorteio acima, a contemplada da vez é a Ligia Barros. Parabéns, Ligia! Você ganhou livro Terra Prometida, de Roselys Izabel Correa Santos oferecido pela Editora Univali. Junto com o livro, com o oferecimento da Dani Haendchen,  segue um marcador de páginas personalizado para você!  Envie a escolha do modelo de sua preferência para o email desafioliterario[arroba]gmail[ponto]com.


Eis os nomes:

1. Michele Müller
2. Ligia Barros
3. Marília Barros
4. Cíntia Mara
5. Neiriberto Borges

Parabéns, pessoal.

OBS 1:

Critérios que validam a participação no sorteio do brinde: 
  • Leitura e resenha do tema Obras épicas
  • Quizz respondido com 100% de acerto

OBS 2 :
A ordem dos nomes listados observam a sequência de envio do questionário. O sorteio será feito via random.org observando essa mesma sequência numérica.

OBS3:

- O participante que discordar do gabarito terá um prazo de dois dias (20/04 e 21/04) para solicitar  a revisão.  Vide o gabarito
- O sorteio do brinde ocorrerá no dia 25/04


1. Como a epopéia de Gilgamesh foi preservada?

Resposta Correta: c - Em tabuletas escritas com caracteres cuneiformes http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilgamesh

2.. Qual o poema de William Wordsworth é considerado o seu maior épico autobiográfico?


3. (UFSM-RS) Por sua temática, O Uraguai, de Basílio da Gama, pode ser considerado um poema:


4. Qual escritor que, no livro intitulado Ulisses, baseou-se no épico Odisséia de Homero para narrar um dia na vida do personagem Leopold Bloom?


5. Atena vai a Ítaca animar Telêmaco, filho de Ulisses, na luta contra os pretendentes à mão de Penélope, sua mãe, que decide enviá-lo a Pilos e a Esparta em busca do pai  em um poema épico heróico clássico escrito no século VIII aC, intitulado..        


6. É conhecido como o primeiro poeta europeu. Ele viveu por volta de 900 aC. A lenda conta que ele era cego. Dois dos maiores poemas épicos atribuídos a ele foram escritos em hexâmetro datílico.


7) Esse clássico tem origem na Cólera de Aquiles. A narrativa centra-se nos acontecimentos ocorridos durante uma das guerras mais famosas da história. E inclui outros personagens famosos como Heitor, Páris e Agamémnom. Qual o título da obra ?

8.  Beowulf foi escrito por quem?

Resposta Correta: c - Anônimo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Beowulf

9. Com relação ao épico Eneida de Virgílio, qual o nome da Rainha de Catargo que se apaixona por Enéias?

Resposta Correta: d Dido. http://pt.wikipedia.org/wiki/Eneida / http://pt.wikipedia.org/wiki/Dido

10. Quem escreveu a saga épica O Senhor dos Anéis?
Resposta Correta: c - J. R.R. Tolkien http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Senhor_dos_An%C3%A9is


Boa tarde, pessoal!

Passei por aqui para avisar que no terceiro sorteio do DL 2011 está valendo o livro Terra Prometida, de Roselys Izabel Correa Santos, publicado pela Editora Univali.

A autora revela que o processo emigratório do camponês italiano para o Brasil é um acontecimento polêmico, triste e dramático. As fontes compreendem publicações em jornais de diferentes correntes ideológicas e correspondências trocadas entre os emigrantes e seus familiares que permaneceram na Itália.

Junto do livro, eu envio também um marcador personalizado feito de ponto cruz. Para tanto, o ganhador tem que escolher um dos seis modelos da figura abaixo para que eu possa confeccioná-lo com a inicial do nome.


Como concorrer a estes prêmios? Respondendo ao quiz literário e acertar todas as respostas, ok?

Beijo! Beijo!


PS. Quem quiser conhecer e/ou adquirir outras obras da Editora Univali, é só acessar o site: www.univali.br/editora.


Vamos quebrar a cuca pessoal? O quiz literário DL 2011 está no ar. As perguntas referem-se ao tema anterior: Obras épicas. E está valendo mais um livro cedido pela Editora Univali que a Danizinha, logo mais, irá anunciar.

Responda ao questionário constante no formulário abaixo. Clique no link para acessar a página do quizz:

Quiz de Março (Obras Épicas) Encerrado!

- Para participar do quizz é necessário ter lido e resenhado o(s) livro(s) referente(s) ao tema do mês anterior.

- Concorrerão ao sorteio do brinde aqueles que tiverem respondido o quizz com 100% de acerto.

- O quizz deverá ser respondido, impreterivelmente, até o dia 18/04. Após essa data, não será permitido o envio do questionário respondido.

- O gabarito do Quizz Literário referente ao tema do mês de fevereiro (Biografia)  será divulgado no dia 19/04.

- A lista, com os nomes dos aprovados (que tiveram 100% de acerto), será divulgada no blog do Desafio Literário até o dia 19/04.

- O participante que discordar do gabarito terá um prazo de dois dias (20/04 e 21/04) para solicitar  a revisão.  
- O sorteio do brinde ocorrerá no dia 25/04


Agora temos a honra de contar com a parceria do Atelier da Tininha da Cristina Tronco. O Atelier da Tininha é também uma loja virtual especializada em produtos artesanais, originais e personalizados.  Muita coisa bacana mesmo. Passa lá!

Cristina gentilmente cedeu seus préstimos e talentos para tornar a brincadeira mais divertida. 

A partir do tema de Março, todos os resenhistas terão a chance de concorrer ao prêmio de um conjunto de 03 Marcadores belíssimos feitos pela Cristina. Como esse aqui:


Imagem ilustrativa. O modelo e as cores dos marcadores serão escolhidos por Cristina.
Gostaram? Lindão,  né? E então, fica combinado assim: fechado o autolink, eu faço o sorteio e divulgo o nome do felizardo(a). 

Então vamos lá que é agora! O sorteado é: Luciana Darce


Parabéns, Luciana! E já sabe mande os seus dados de endereço para o email desafioliterario[arroba]gmail[ponto]br.

* Para conferir a numeração, clique aqui.

** Agora, vamos economizar nos prêmios que ainda tem quiz!


E se você não quiser ficar de fora dessa, seja pontual em suas leituras e resenhas. 

Até a próxima!


O desafio de Março foi uma verdadeira odisséia! Abandonamos por pouco tempo os detalhes banais da vida para cuidar de assuntos elevados como vencermos a nós mesmos, os rótulos agregados à literatura de nicho e outros tantos obstáculos que se impõe à leitura. Cumprir o desafio de leitura virou uma espécie de código de honra para muitos. Então, sintam-se vitoriosos, heróis da leitura!

No mês de Março tivemos 109 leituras, sendo que o livro mais lido foi o primeiro volume da série As brumas de Avalon: A senhora da Magia de Marion Zimmer Bradley.




Como de praxe, o desfile dos maiores leitores da rodada:

Raphael "Elaphar" -  9 livros
Li Castro - 7 livros
Lyani - 5 livros
Neiriberto Borges - 5 livros
Medéia - 4 livros
Roberta Cristina - 4 livros

* Se o nome de quem leu mais de quatro livros não aparecer na lista, por favor, avise-nos. Teremos o maior prazer em reparar o erro.