Resenha Janeiro 2011:
Tema: Literatura Infanto-Juvenil / Mês: Janeiro – opção 3
por Cleia (cleia.le@bol.com.br)
título: A SAGA DE SIEGFRIED – O TESOURO DOS NIBELUNGOS
Tema: Literatura Infanto-Juvenil / Mês: Janeiro – opção 3
por Cleia (cleia.le@bol.com.br)
título: A SAGA DE SIEGFRIED – O TESOURO DOS NIBELUNGOS
autor: Tatiana Belinky com ilustrações de Odilon Moraes
editora: Companhia das Letrinhas
páginas: 32
A lenda de Siegfried nasceu no Norte da Europa misturando antigas tradições orais com eventos e personagens históricos dos séculos V e VI DC e foi escrita sob forma de um poema épico por volta do século XIII. Desde então inspirou inúmeros artistas, dentre os quais Wagner, que compôs a famosa ópera "O anel de Nibelungo", além de sagas pós-modernas que se baseiam na mitologia do norte da Europa e no fantástico como O Senhor dos Anéis e Harry Potter.
A história está dividida em duas partes: a primeira conta a viagem do cavaleiro Siegfried, na qual mata o dragão guardião do tesouro dos nibelungos e chega à corte dos burgúndios, torna-se herói, casa-se com a bela princesa Kriemhild e é morto por traição. A segunda parte trata da terrível vingança arquitetada por Kriemhild para vingar a morte do amado.
Neste livro Tatiana Belinky faz uma adaptação da saga em linguagem acessível ao público infanto-juvenil. De forma simples e saborosa passamos a conhecer esta lenda cujo texto (de 2400 estrofes divididas em 39 capítulos), constitui-se em uma das bases da cultura alemã. E que provavelmente influenciou muitos dos contos de heróis e princesas que por gerações alimentaram nossas fantasias infantis.
O que é mais relevante observar no entanto é que, embora estes contos tenham sido alterados pelos séculos, incorporando situações de recompensa para o bem e de castigo para o mal, na Saga de Siegfried observamos uma característica bem coerente com a época de sua criação. Não há crítica ou julgamento dos atos dos herói (como trair, vingar,matar), sempre feitos em nome da lealdade e da coragem.
Muito apropriadamente, a autora que reconta a história, em nota no final do livro, convida à reflexão. Na lenda de Siegfried não há julgamento ou crítica sobre o comportamento dos personagens, apenas é contada uma história de grande heroísmo, coragem e, especialmente, lealdade. É clara a primazia da lealdade sobre os demais valores, exaltada pelas atitudes de Siegfried para com os amigos, irmãos e seu rei e da própria Kriemhild, sua viúva que, para vingar sua morte, acaba exterminando o seu próprio povo. Seria porque naquela época, importante para os inúmeros povos que por séculos disputaram terras que hoje configuram os diversos países europeus era consolidar sua soberania? Aqui isso não importa.
O fato é que é muito bom de ler um conto de fadas onde não existe fronteira entre o bem e o mal, um tanto inquietante, claro, mas que pode proporcionar uma leitura muito proveitosa para se fazer em conjunto com as crianças e levantar estas questões.
E bacana também para qualquer um que queira conhecer minimamente este épico (os três principais manuscritos da Canção dos Nibelungos foram registrados pela UNESCO por sua relevância histórica em 2009) indispensável para o conhecimento da formação da nossa cultura ocidental.
Nota 5/5
Nota da capa: 5/5 - Não só a capa, mas a diagramação das páginas e todas as ilustrações do livro são sensacionais. Têm uma dramaticidade intensa, proporcionada pelas figuras extremamente expressivas desenhadas em perspectivas distorcidas num jogo de claro/escuro perfeitamente adequado ao tom acre da história.
editora: Companhia das Letrinhas
páginas: 32
A lenda de Siegfried nasceu no Norte da Europa misturando antigas tradições orais com eventos e personagens históricos dos séculos V e VI DC e foi escrita sob forma de um poema épico por volta do século XIII. Desde então inspirou inúmeros artistas, dentre os quais Wagner, que compôs a famosa ópera "O anel de Nibelungo", além de sagas pós-modernas que se baseiam na mitologia do norte da Europa e no fantástico como O Senhor dos Anéis e Harry Potter.
A história está dividida em duas partes: a primeira conta a viagem do cavaleiro Siegfried, na qual mata o dragão guardião do tesouro dos nibelungos e chega à corte dos burgúndios, torna-se herói, casa-se com a bela princesa Kriemhild e é morto por traição. A segunda parte trata da terrível vingança arquitetada por Kriemhild para vingar a morte do amado.
Neste livro Tatiana Belinky faz uma adaptação da saga em linguagem acessível ao público infanto-juvenil. De forma simples e saborosa passamos a conhecer esta lenda cujo texto (de 2400 estrofes divididas em 39 capítulos), constitui-se em uma das bases da cultura alemã. E que provavelmente influenciou muitos dos contos de heróis e princesas que por gerações alimentaram nossas fantasias infantis.
O que é mais relevante observar no entanto é que, embora estes contos tenham sido alterados pelos séculos, incorporando situações de recompensa para o bem e de castigo para o mal, na Saga de Siegfried observamos uma característica bem coerente com a época de sua criação. Não há crítica ou julgamento dos atos dos herói (como trair, vingar,matar), sempre feitos em nome da lealdade e da coragem.
Muito apropriadamente, a autora que reconta a história, em nota no final do livro, convida à reflexão. Na lenda de Siegfried não há julgamento ou crítica sobre o comportamento dos personagens, apenas é contada uma história de grande heroísmo, coragem e, especialmente, lealdade. É clara a primazia da lealdade sobre os demais valores, exaltada pelas atitudes de Siegfried para com os amigos, irmãos e seu rei e da própria Kriemhild, sua viúva que, para vingar sua morte, acaba exterminando o seu próprio povo. Seria porque naquela época, importante para os inúmeros povos que por séculos disputaram terras que hoje configuram os diversos países europeus era consolidar sua soberania? Aqui isso não importa.
O fato é que é muito bom de ler um conto de fadas onde não existe fronteira entre o bem e o mal, um tanto inquietante, claro, mas que pode proporcionar uma leitura muito proveitosa para se fazer em conjunto com as crianças e levantar estas questões.
E bacana também para qualquer um que queira conhecer minimamente este épico (os três principais manuscritos da Canção dos Nibelungos foram registrados pela UNESCO por sua relevância histórica em 2009) indispensável para o conhecimento da formação da nossa cultura ocidental.
Nota 5/5
Nota da capa: 5/5 - Não só a capa, mas a diagramação das páginas e todas as ilustrações do livro são sensacionais. Têm uma dramaticidade intensa, proporcionada pelas figuras extremamente expressivas desenhadas em perspectivas distorcidas num jogo de claro/escuro perfeitamente adequado ao tom acre da história.