Por Kycia

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Memórias de uma gueixa, de Arthur Golden (Extra 1)
Tema: Biografia e/ou Memórias / Mês: Fevereiro / Editora: Imago / Número de págs.: 460

Sinopse: "Memórias de uma Gueixa" é um romance fascinante, para ser lido de várias maneiras: como um mergulho na tradicional cultura japonesa, ou um romance sobre a sexualidade, e ainda, como uma descrição minuciosa da alma de uma mulher já apresentada por um homem. Seu relato tem início numa vila pobre de pescadores, em 1929, onde a menina de nove anos é tirada de casa e vendida como escrava. Pouco a pouco, vamos acompanhar sua transformação pelas artes da dança e da música, do vestuário e da maquilagem; e a educação para detalhes como a maneira de servir saquê revelando apenas um ponto do lado interno do pulso - armas e mais armas para as batalhas pela atenção dos homens. Mas a Segunda Guerra Mundial força o fechamento das casas de gueixas e Sayuri vê-se forçada a se reinventar em outros termos, em outras paisagens.


Memórias de uma gueixa nos leva a uma incrível viagem pelo mundo pouco conhecido das mulheres de rosto excessivamente branco pela maquiagem, do cabelo perfeitamente arrumado, dos quimonos pesados e exuberantes, dos sentimentos mascarados. Nos leva a entender um pouco da complexa e meticulosa sociedade das gueixas japonesas, ao mesmo tempo em que nos oferece um maravilhoso tour por parte do Japão durante as décadas de 30 e 40.
Nessa trajetória, temos como guia a menina Chiyo, que acaba tendo de deixar Yoroido [uma vila de pescadores] para ir morar em Kyoto, após ter sido vendida junto com sua irmã, Satsu. Sendo que, ao chegar em Gion [distrito de Kyoto], as irmãs são separadas e Chiyo, com seus adoráveis e raros olhos azuis-acinzentados, é mandada para a okiya [como se fosse uma casa que “investe” em meninas para se tornarem gueixas]de Nitta, onde ela começará o seu percurso para se tornar a famosa gueixa Sayuri.
Com uma leitura agradável, romântica e, muitas vezes, poética, acabamos sendo imediatamente atraídos por esse cenário misterioso e glamoroso das gueixas. Passamos a conhecer as intrigas, os conflitos pessoas, os disfarces, os costumes e superstições japonesas. Ao mesmo tempo, mergulhamos numa sinestesia de emoções e sentimentos com os detalhes dos aromas, das texturas, das cores, dos sons... é quase como se estivéssemos vivendo cada linha descrita, tomando, por exemplo, um chá com Mahema [gueixa instrutora de Sayuri] ou vestindo os deslumbrantes e trabalhosos quimonos com a ajuda de Titia [uma das donas da okiya de Nitta].
Mas, acredito que além disso, essa obra teve um importante papel no que diz respeito à concepção das gueixas. Eu, como várias pessoas, achava que estas mulheres eram equivalentes às mulheres da vida, prostitutas, quando, na verdade, elas são acompanhantes. Deixe-me explicar melhor: o nome “gueixa” significa pessoa das artes, ou seja, uma gueixa precisa dominar vários tipos de artes, como dança e música. Fazendo uso destas, elas são pagas para entreterem os homens nas casas de chá ou quando forem solicitadas. Dependendo de quão habilidosas são [e se também são belas e atraentes], elas podem se tornar populares e reconhecidas a ponto de conseguirem um donna [homem, geralmente casado, que as sustente em troca de certos “privilégios”]. E, ao contrário do que pode parecer, as gueixas não se tornam gueixas por escolha própria. Na realidade, o destino delas já está decidido no momento em que elas entram numa okiya. Tudo que estas jovens podem fazer é se esforçar ao máximo para se tornarem gueixas bem sucedidas e conseguirem pagar as dívidas que têm na okiya que as comprou. Com toda certeza não é uma vida fácil. São anos de treinamento para conseguir um pouco de reconhecimento. São anos usando uma máscara para esconder seus reais sentimentos.
Só que... apesar do título ter “Memórias” em sua composição, a trama toda não foi real. É, eu não tô brincando.  Imagina a minha surpresa quando li na resenha da Kelly [do blog Bibliólatras] e confirmei no final do livro que este foi baseado em relatos históricos e no testemunho de Mineko Iwasaki, gueixa famosa de Gion, e não nas lembranças de Sayuri [ou Chiyo], que nunca existiu de verdade!!  Quer dizer, realmente foi um choque pra mim [pra dizer o mínimo], porque a forma como o livro foi escrito, como se tivesse sendo contado, detalhe por detalhe, passa a legítima impressão da veracidade da trama.
A princípio, Memórias de uma gueixa era um enigma para mim, pois não tinha a menor idéia do que esperar dele. Agora, posso dizer simplesmente que quaisquer expectativas não estariam a altura de uma obra como essa. Toda a sua composição é tão envolvente, que não tem como o leitor deixar de lado até a linha final. É encantador, delicioso, belo.
Portanto, recomendo muito a todos que apreciam um bom romance e que gostariam de aprender sobre um outro lado da cultura japonesa.
“Mas agora sei que nosso mundo não é mais permanente do que uma onda subindo no oceano. Quaisquer que sejam as nossas lutas e triunfos, qualquer que seja o modo como os experimentamos, em breve todos fundem-se numa coisa só, como a tinta aguada de uma aquarela no papel.” Página 451
Sayonara e até a próxima!!
Nota da capa: 5/5
Comentários: A fotografia é incrivelmente linda e o título na parte debaixo da capa deu um charme a mais. Só acho que os olhos poderiam ter sido mais destacados se a fotografia tivesse menos brilho olha a expert em fotos falando..rsrs].
Nota do livro: 5/5


8 Comments

  1. Nunca li o livro, mas vi o filme e gostei. Tenho certeza que o livro é muito mais completo, né?

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  2. Hum, estou beeeeeem no comecinho dele... até onde li, gostei! :D
    E quero ver o filme também! haha
    =**

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  3. Não vi o filme e nem li o livro, mas depois de ler sua resenha fiquei interessada na história.
    Parabéns pela resenha.

    Abs, Rê

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  4. Aline, ainda ñ vi o filme, mas muitas pessoas q viram disseram q haviam algumas diferenças entre ele e o livro. Mesmo assim, estou doida p/ ver o filme tb!!
    Mas, a leitura do livro, com certeza, é uma arte a parte. =)
    Obrigada pelos comentários!!
    Bjos

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  5. Pois é, há muito que quero ler esse livro. E sua resenha veio só alimentar o meu desejo. Excelente!

    Beijocas

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  6. Oi Kycia!

    Adorei sua resenha! Quando você puder, assista o filme também! É muito bom!

    Beijos!

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  7. Ah isso do título é mesmo ambíguo, porque memórias pressupõem alguém para lembrar não é? Uma pena que tu só tenhas descoberto dessa maneira, mas pela tua excelente resenha percebi que isso não influenciou teu julgamento da obra, o que é ótimo :)
    estrelinhas coloridas...

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