Tema: Biografia / Mês: Fevereiro – opção 3
por Cleia (cleia.le@bol.com.br)
título: O CASTELO DE VIDRO
autor: Jeannette Walls
editora: Nova Fronteira
páginas: 367 páginas
título original: Glass Casttle
tradução de: Luciana Persice Nogueira
O Castelo de Vidro era a casa dos sonhos do pai da autora. Passou a vida a delirar com a possibilidade de ganhar dinheiro com projetos e invenções que o deixariam rico, mas não era suficientemente maduro e equilibrado para conseguir alguma coisa. A mãe o completava, sonhava em ser uma grande artista plástica, mas era tão irresponsável e infantil quanto ele. Essa é a sua história, reconstruída pelas lembranças de sua filha Jeannette Walls. O Castelo, minuciosamente desenhado, nunca saiu do papel.
Como todos, tinham suas qualidades. Eram inteligentes, cultos, libertários, desprendidos, compreendiam e amavam a natureza e os filhos. Avessos ao culto dos valores materiais, instáveis e desajustados, adotaram uma postura anti-consumista contra a sociedade americana pelo caminho da auto-exclusão social e viveram marginalizados. Mas passaram aos filhos uma atitude humanista e criativa em relação à vida, o gosto pela leitura, pelo questionamento, o interesse pela ciência e pelas artes, o respeito à natureza e ao próximo. A seu modo, amavam a vida e os amavam, e os incentivaram a crescer, a se defender, a lutar pelo que acreditassem. E estes não tiveram outra alternativa, pela carência material e pela falta de regras com que foram criados.
Infelizmente, não é simples viver alternativamente, dando as costas ao que está estabelecido, especialmente quando se adota uma atitude displicente e ao mesmo tempo do tipo “rebelde sem causa”. O que parecia ser uma opção de vida em completa liberdade, contanto com apenas o essencial para viver, vai se degringolando a ponto de sobreviverem em extrema miséria. Os pais chegam posteriormente a viver (segundo a autora, por opção) como sem-teto nas ruas de Nova York.
Os 3 filhos mais velhos conseguem, na adolescência, romper com o esquema e Jeannette é torna-se uma bem sucedida jornalista. A adversidade lhe deu fibra para lutar, usou as armas que sua educação permitiu e, material e socialmente, se salvou. Talvez o que a tenha ajudado foi estar entre irmãos tão próximos em idade, pois era a filha do meio dos 3 primeiros que, juntos formaram um bloco de resistência contra a decadência e a impotência frente aos sonhos fracassados e abrem seus caminhos. Mas a quarta filha, nascida mais tarde, não resistiu aos pais.
O livro expõe memórias que poderiam ter sido esquecidas – e que por algum tempo ficaram escondidas – cuja lembrança foi necessária para que sua dona expurgasse o passado, perdoasse e justificasse seus pais. Apesar das situações de extrema insegurança, instabilidade e carência material em que viveram, seu relato é complacente e amoroso.
Jeannette fez do limão uma limonada. Seu texto resulta leve e objetivo, como uma matéria de revista, e de forma delicada e divertida fala de tanto sofrimento como uma grande aventura. O que faz com que o livro seja uma leitura agradável, quase um conto de fadas século XXI, no qual ela aponta para um final feliz. O que para alguns pode ser uma qualidade do livro. Mas para os mais exigentes pode decepcionar, porque embora seja uma leitura interessante, está claro que ela não conta tudo, não ilumina o lado escuro, não coloca o dedo na ferida.
Nota: 4/5
Nota da capa : 2/5 – A capa é ruim. Não dá nem para entender o corte da foto, além de nada ter a ver com o conteúdo. E o lay-out não tem equilíbrio e harmonia..
por Cleia (cleia.le@bol.com.br)
título: O CASTELO DE VIDRO
autor: Jeannette Walls
editora: Nova Fronteira
páginas: 367 páginas
título original: Glass Casttle
tradução de: Luciana Persice Nogueira
O Castelo de Vidro era a casa dos sonhos do pai da autora. Passou a vida a delirar com a possibilidade de ganhar dinheiro com projetos e invenções que o deixariam rico, mas não era suficientemente maduro e equilibrado para conseguir alguma coisa. A mãe o completava, sonhava em ser uma grande artista plástica, mas era tão irresponsável e infantil quanto ele. Essa é a sua história, reconstruída pelas lembranças de sua filha Jeannette Walls. O Castelo, minuciosamente desenhado, nunca saiu do papel.
Como todos, tinham suas qualidades. Eram inteligentes, cultos, libertários, desprendidos, compreendiam e amavam a natureza e os filhos. Avessos ao culto dos valores materiais, instáveis e desajustados, adotaram uma postura anti-consumista contra a sociedade americana pelo caminho da auto-exclusão social e viveram marginalizados. Mas passaram aos filhos uma atitude humanista e criativa em relação à vida, o gosto pela leitura, pelo questionamento, o interesse pela ciência e pelas artes, o respeito à natureza e ao próximo. A seu modo, amavam a vida e os amavam, e os incentivaram a crescer, a se defender, a lutar pelo que acreditassem. E estes não tiveram outra alternativa, pela carência material e pela falta de regras com que foram criados.
Infelizmente, não é simples viver alternativamente, dando as costas ao que está estabelecido, especialmente quando se adota uma atitude displicente e ao mesmo tempo do tipo “rebelde sem causa”. O que parecia ser uma opção de vida em completa liberdade, contanto com apenas o essencial para viver, vai se degringolando a ponto de sobreviverem em extrema miséria. Os pais chegam posteriormente a viver (segundo a autora, por opção) como sem-teto nas ruas de Nova York.
Os 3 filhos mais velhos conseguem, na adolescência, romper com o esquema e Jeannette é torna-se uma bem sucedida jornalista. A adversidade lhe deu fibra para lutar, usou as armas que sua educação permitiu e, material e socialmente, se salvou. Talvez o que a tenha ajudado foi estar entre irmãos tão próximos em idade, pois era a filha do meio dos 3 primeiros que, juntos formaram um bloco de resistência contra a decadência e a impotência frente aos sonhos fracassados e abrem seus caminhos. Mas a quarta filha, nascida mais tarde, não resistiu aos pais.
O livro expõe memórias que poderiam ter sido esquecidas – e que por algum tempo ficaram escondidas – cuja lembrança foi necessária para que sua dona expurgasse o passado, perdoasse e justificasse seus pais. Apesar das situações de extrema insegurança, instabilidade e carência material em que viveram, seu relato é complacente e amoroso.
Jeannette fez do limão uma limonada. Seu texto resulta leve e objetivo, como uma matéria de revista, e de forma delicada e divertida fala de tanto sofrimento como uma grande aventura. O que faz com que o livro seja uma leitura agradável, quase um conto de fadas século XXI, no qual ela aponta para um final feliz. O que para alguns pode ser uma qualidade do livro. Mas para os mais exigentes pode decepcionar, porque embora seja uma leitura interessante, está claro que ela não conta tudo, não ilumina o lado escuro, não coloca o dedo na ferida.
Nota: 4/5
Nota da capa : 2/5 – A capa é ruim. Não dá nem para entender o corte da foto, além de nada ter a ver com o conteúdo. E o lay-out não tem equilíbrio e harmonia..
Estou com esse livro há anos na estante à espera. Se existe um tom de conto de fadas, o final feliz é esperado mesmo que seja para maquiar as feridas. Gosto muito de suas resenhas, moça. Críticas e certeiras.
ResponderExcluirBjs