Resenha escrita por Sueli Couto
(Tema Jan/2012: Literatura Gastronômica)

A segunda leitura do Desafio Literário de 2012 foi A Mesa Voadora - Luís Fernando Veríssimo, e a escolhi por apreciar muito o autor.

Com o seu habitual bom humor, leve, divertido, irônico, Veríssimo insere neste livro crônicas escritas em épocas diversas: são divertidas, de leitura agradável, fácil e apetitosa, desde conselhos de como portar-se em um buffet, passando por criticas a fast food, rebelião contra a salsinha, um champignon despertando uma paixão, o amor à sopa, a procura pelo bar perfeito e outros elementos, fazendo um divertido paradoxo com circunstâncias da vida real.

Suas crônicas saciam o apetite pelo riso fácil e descompromissado, e provocam a avidez por mais leitura.

Das crônicas, destaco Buffet, muita divertida, entretendo o leitor com bem elaborada e divertidas descrição desta invenção da vida moderna, narrando o que se assemelha a uma estratégia de guerra para saciar, nem sempre com elegância, como deveria ser, a fome. A crônica termina por ser uma aula de estratégia para cumprir um objetivo gustativo e de como sair de um buffet bem alimentado e sem grandes danos físicos. Hilário.

Destaco também Com champignon, onde a paixão comum por champignon une um casal durante as compras que vão se conhecendo entre prateleiras de sopas, queijos e vinhos, atingindo o clímax quando trocam receitas com o ingrediente pelo qual são apaixonados e por causa do qual se apaixonam: o champignon.

O Come e não engorda, que retrata um bom gourmet que pode se perder nas maravilhas culinárias sem acrescentar uma grama ao seu peso, e que desperta em todos a inveja e ódio eternos.
La petite já é meio exagerada ao narrar como o tradicional “churrasquinho” para aproximar familiares e amigos se tornou um restrito evento em razão do preço da carne. Mas o humor de Veríssimo e sua capacidade de estabelecer uma relação entre o ser humano e a comida, como se este fosse o único vínculo importante no universo todo, atenua qualquer exagero.

Em Às sopas, a mesma pode ser uma renegada por quem não é fã, mas a leitura não deixa de ser saborosa.

Enfim, as 47 crônicas gastronômicas de Veríssimo refletem não só o conhecimento culinário deste grande escritor e sua experiência em finos restaurantes franceses ou pastelarias de beira de estrada, como sua enorme capacidade de estabelecer um vínculo indissolúvel do ser humano com a comida.
Diz Verissimo que: “Só entendo de comida da boca pra dentro!’ Mas entende muito bem de bom humor pois consegue vincular o cotidiano do ser humano, e todas as suas emoções, valores e sentimentos a uma frugal ou lauta refeição.


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