O desafio de Julho foi  bem divertido!

Dessa vez pudemos contar com a arte narrativa do cinema também. Nada como experimentar a teia de relações e influências entre essas duas artes tão magníficas, o cinema e a literatura. As duas artes, cada uma à sua maneira, concebem tão magicamente a forma de contar uma história de modo que nos sentimos entregues em um fascínio mudo. Puro êxtase!

Pensando em pontos comuns entre o cinema e literatura, um elemento se destaca.  Eis a palavra, sempre ela, a dona do pedaço.  A palavra destaca-se com direito, excelência e mérito porque é a pedra angular da imagem. Sem ela, não há cinema, não há literatura. Mesmo no cinema mudo se presencia a força estética da comunicação expressa por palavras que se fazem presentes por sua total ausência.  Na literatura há que se notar que até mesmo o indizível exerce sua força de expressão.

No entanto, é preciso considerar que ao mesmo tempo em que se aproximam, o cinema e a literatura também se distanciam. Pode ser que seja essa a deixa para que entrem em cena os recorrentes comentários que acusam uma adaptação cinematográfica de traição à sua obra literária. O que queremos? Fidelidade literal apenas? Todavia, não se trata de pegar o livro e transportá-lo palavra por palavra para se criar um filme. Um filme, pela própria natureza do seu meio de comunicação, não se restringe a traços textuais.  Como leitora, o que considero mais interessante é a percepção de que o diretor e sua equipe são antes leitores, e é a sua bagagem de outras tantas leituras que segue ali embutida.

È, pessoal, as releituras trazem consigo novas significações de modo que o bacana é saber dialogar com outras leituras de mundo.

Sim, esse assunto é tão vasto que cabem muitas questões, dentre elas: Porque quase sempre elegemos a fidelidade ao original como critério de análise de uma adaptação se o ato de adaptar comporta a modificação? Será a nossa interpretação  melhor que a dos outros? Será que nosso julgamento parte de uma tradição (nem sempre percebida) em que se confere maior prestígio a literatura do que ao cinema?
Vale a pena refletir sobre isso.

Sejam quais forem as resposta, que alcancemos a compreensão de que é preciso sempre ver mais longe. E no mais, a boa arte deve ser apreciada sem preconceitos.

Nesse mês, montamos um cardápio literário bem variado, mas foi O leitor de Benhard Schlink que predominou: cinco vezes lido.

E que venha o desafio de agosto!


3 Comments

  1. Excelente post, como sempre. Muito interessante de ler e certeiro.

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  2. Adorei o texto, eu procuro não generalizar - tem filme que eu achei melhor que o livro, agora se o pessoal por aí concorda daí é outra história, o importante é respeitar a opinião, abrir a mente para a visão dos outros, refletir e aprender. :)

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  3. Li um livro cuja história conheço desde criança, A Princesinha. Foi ótimo! Mas acho que esse foi um dos temas com o maior leque de opções. Tem pra todos os gostos!

    Nem sempre ser fiel ao livro significa que o filme é bom. É bom que o roteirista tenha a liberdade para criar e adaptar, sem 'ofender' os fãs da obra, mas sem se prender também. Podem nascer grandes filmes assim.

    Beijos

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