Mais um mês que se foi. Com o final do mês de março chegam ao fim também as resenhas sobre o tema proposto para esse mês. E a quantidade de resenhas foi mais uma vez significativa. As escolhas de todos, de uma forma ou de outra, contemplaram o gênero épico, um gênero bastante caro à literatura. E para o encerramento de março, convidamos o leitor e blogueiro Rafhael Soares, ou Elaphar, que participou conosco desse desafio, para nos deixar um depoimento sobre como foi ler e resenhar obras épicas (gênero que ele seguiu a risca em suas escolhas). Além do depoimento ele compartilhou uma lista de obras épicas interessantes que poderemos ler no futuro. Confere:

    Apesar de meus amigos acharem o contrário, comecei a ler muito tardiamente. Apesar de iniciar tarde no magnífico universo da literatura, possuo uma formação (e preferência) literária bastante canônica desde meu primeiro livro, que foi o clássico “Memórias Póstumas de Brás Cubas” do mestre Machado de Assis. Como leitor do grande cânone, não poderia deixar de ter uma grande paixão pelo gênero épico. Desde o início do ano, esperava pelo mês de março, só para falar sobre o épico e resenhar as grandes obras do gênero, e quando o DL viu meu texto de abertura e colocou no blog do desafio, fiquei honrado. 

    O épico é o gênero que mais influencia a cultura popular, da mesma forma que é o que mais se aproveita da mesma. Ler um épico é penetrar no imaginário de um povo, de uma identidade. Há uma série de obras épicas para todos os paladares, desde épicos herméticos à infanto-juvenis. Uma pena não poder ler e resenhar tudo, pois também leria e resenharia Hemingway e A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson de Selma Lägerlof, mas esses me aguardam para o mês Nobel de Literatura.

    Foi um grande prazer ler e resenhar este mês, em particular todo o ciclo do Anel dos Nibelungos de Wagner, a Morte em Veneza de Thomas Mann, a Eneida de Virgílio e o Livro de Juízes. Norteei minhas escolhas pela variedade cronológica em primeiro lugar, e em seguida pela diferença de qual identidade a épica se refere (o que me fez substituir o Nibelungenlied por Juízes). Como a função do crítico é moldar um cânone, procuro expor alguns livros que formariam uma boa biblioteca de épicos, a lista não pretende ser exaustiva, embora procurei colocar os livros nos mais variados estilos:

Épica Clássica
Ilíada e Odisséia - Homero
Eneida - Virgílio 
Épica Religiosa
Livros do Documento Javista - Javista
Josué - Anônimo
Juízes - Anônimo
Samuel - Anônimo
Esdras - Anônimo 
Épica Medieval
A Canção dos Nibelungos - Anônimo
A Divina Comédia - Dante
Jerusalém Libertada - Torquato Tasso
Don Quixote - Cervantes
Perceval - Chrétien de Troyes
Lusíadas - Camões 
Épica Moderna em Verso
I-Juca Pirama - Gonçalves Dias
Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles
Guesa Errante - Sousândrade
Canto General - Pablo Neruda 
Romance Canônico de inspiração Épica
Ulisses - Joyce (Trad: Antônio Houaiss)
Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
Doutor Fausto - Thomas Mann
As Aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
O Velho e o Mar - Hemingway
Incidente em Antares - Érico Veríssimo
Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar
O Homem que Não se Vê - Geza Gardonyi 
Romance não-canônico de Inspiração Épica
O Senhor dos Anéis - J.R.R.Tolkien 
Se você tiver acesso a outras línguas, também indico as seguintes obras:
Pharsalia [A Farsália] - Lucano
Beowulf - Anônimo
La chanson de Roland [A Canção de Rolando] - Anônimo
Der Freischütz [O Franco Atirador] - Weber
Der Ring des Nibelungen [O Anel dos Nibelungos] - Wagner
Parcifal - Wagner
Max Havelaar - Multatuli
Egri csillagok [Estrelas de Eger] - Géza Gárdonyi

Acesse, leia e comente as resenhas escritas por Raphael para março no Desafio Literário:


One Comment

  1. Báh o texto do Raphael que abriu o mês de março foi excelente para contextualizar as leituras, e as resenhas deles foram das melhores de acompanhar, agora este texto de encerramento enriqueceu ainda mais a compreensão acerca deste gênero tão amplo. Adorei a lista de indicações :)
    estrelinhas coloridas...

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