Resenha escrita por Sueli Couto (Tema Nome Próprio - FEVEREIRO)

ABEL E HELENA DE ARTUR AZEVEDO – LIVRO 3

Escolhi ler, como livro reserva Abel e Helena, uma peça cômica e lírica, por fazer muitos anos que
não lia um exemplar da literatura brasileira e fazer jus ao objetivo do desafio, que é de ler temas nos
quais não temos tanto interesse ou costume de ler.

 
Achei a peça muito divertida, ela tem vários personagens (mais de 12), com descrição detalhada
de todas as cenas, além de ágil e de fácil leitura.


A peça começa com homenagens e mimos a Cascais, vigário da freguesia, em forma de flores, raminhos e velas, o que o entristece, pela pobreza das ofertas tão diferentes dos tempos de outrora.  E a partir daí tudo gira em torno do amor de Abel e Helena, que terão a ajuda do vigário para realizar seus planos.

Helena, filha do fazendeiro Nicolau, reclama ao vigário sua proteção, pois quer casar e para isso escolheu Abel, um professor por quem se apaixonou. Helena deseja proteção do vigário para que ele a ajude dando recomendação de Abel, já que ele é muito pobre e o seu padrinho e tutor quer ver-lhe casada com um sujeito rico. Como Vossa Reverendíssima exerce influência em dindinho, ela lhe pede ajuda e no auge do desespero ameaça se matar, caso dindinho não consinta no seu casamento com Abel.


Abel chega à casa de Cascais antes da carta de recomendação do irmão do vigário, apresentando o professor e pedindo ajuda em relação ao romance dele com Helena. O vigário explica que é muito difícil vencer seu oponente no amor, pois Nicolau, padrinho e tutor de Dona Heleninha, sempre vence.  O reverendo aconselha Abel a aproveitar uma viagem de Nicolau e tirar Helena de casa e ele os casará.


Abel e Helena se encontram sempre acompanhada de Marcolina, sua mucama, e conversam sobre uma possível fuga para bem longe... Helena fica dividida entre o amor a Abel e sua gratidão pelo padrinho a quem deve tantos favores, a quem respeita e que, apesar da vontade que quer exercer em seu destino, ama-a  como se fosse seu pai.


Abel, contudo, pondera sobre sua posição como seu amante, e tudo pelo que passará, ao abandonar a corte e ir atrás dela, prestando um exame para um concurso, quando nem entende nem de gramática.


Todos se reúnem para a festa literária na casa do Senhor Pantaleão de los Rio, o delegado literário da freguesia. Trata-se de uma festa consagrada às coisas da inteligência em que todos, sem distinção alguma, serão igualmente admitidos e participam de três provas: decifrar uma charada, responder a uma pergunta enigmática e glosar um mote.


Após algumas confusões onde cada um quer se exibir, principia a luta da inteligência. Abel é quem acerta tudo e ganha às três provas, despertando alegria de Helena e desconfiança de Nicolau.

Por ganhar o premio ele é convidado a jantar na casa de Helena e já imaginam dar continuidade aos planos de fuga e casamento. No meio da festa literária, Nicolau recebe o feitor da fazenda que lhe avisa sobre um levante, pedindo sua presença para resolver.

Helena ao ficar sozinha trava uma luta interna entre o amor e o dever, fica pensativa e sem saber se deve ou não fugir, falando a Abel ela de sua hesitação. Abel reage mal, fica bravo e vai embora.


Como algumas visitas ainda permanecem na casa, Helena tem que disfarçar suas dúvidas e medos. O padre, ao perceber seu estado emocional quer saber o que decidiram, Helena fala do quanto é difícil abandonar a casa em que mora e seu dindinho. As visitas estão a jogar e Helena resolve participar para se distrair.


A partir daí a cena descreve o jogo entre eles, muita confusão, valentia e trapaças.


Helena novamente conversa com o vigário e ele lhe diz para não hesitar e não se preocupar com o dindinho. Abel volta e a convence que a ama, não a abandonará e a protegerá sempre. Quando estão prontos para fugir eis que chega Nicolau, ela disfarça, faz muitas perguntas sobre o levante mas ele percebe o plano de fuga e se recusa a dá-la em casamento, expulsando Abel. Depois decide enviar sua afilhada para a corte, em companhia de um frade que a levará para um convento de freiras.


Mas o vigário resolveu ajudá-los e armou um plano em que Abel poderia muito bem passar por um frade barbadinho e se empenha na armação de uma farsa. Helena não sabe do plano e se entristece com seu destino...


Durante os últimos versos, um trem de ferro vem da esquerda e para em frente à estação. Entre alguns passageiros que saem e desaparecem, desce à cena Abel, disfarçado em frade. Barbas longas e grisalhas, óculos e capuz. E leva Helena. Quando o trem começa a partir ele tira a barba e todos aplaudem menos o Alferes que puxa pela espada e corre atrás do trem. Nicolau cai fulminado por um ataque de apoplexia. Muitos apoiam o casal apaixonado e outros prometem vingar Nicolau e tudo vira uma grande confusão divertida dos partidários de Abel e Helena e dos de Nicolau.


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