O tema de julho era livros vencedores do Prêmio Jabuti. Nada mais justo que o livro mais lido fosse um grande clássico da literatura nacional: A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.

A Hora da Estrela, conta a história da personagem Macabéa, moça alagoana de 19 anos, orfã, franzina, semi-alfabetizada e ignorante. A personagem não está adequada com a vida na cidade grande. Seus pais morreram quando ainda era pequena, foi criada por uma tia, que não lhe cuidava bem e com quem se mudou para Maceió, algum tempo depois para o Rio de Janeiro. (Detalhe Feminino)

Este livro não tem um grande enredo. Ele conta um pouco da vida de uma nordestina chamada Macabéa, sem se aprofundar, atendo-se a pequenos detalhes que muitos considerariam sem importância e neutros. (Explosão) O foco do livro está na maneira de se contar e não no que se conta. (Vagabundo Zen)

É possível dar à Macabéia o lugar de destaque na narrativa, mas a sua posição na história funcionou para mim como um jogo à procura do real protagonista da trama: o discurso proferido pelo narrador, Rodrigo S.M. Ao observar, em um breve instante, a aparência de uma desconhecida de passagem pela rua, o autor projeta-lhe uma história de vida com início, meio e fim. Por tão pouco conhecer sobre a vida nordestina (talvez aí esteja a explicação para os momentos em que prosa parece sem rumo), Rodrigo faz de Macabéia um corpo de generalizações racistas e discriminatórias. Não é esse o  discurso da cultura dominante impregnado de uma herança histórica forjada na diferença de classes? (Uma Hora de Tudo)

Eu não fazia ideia do que esperar da história em si, já que me neguei a ler a sinopse e queria ser surpreendida. Na primeira parte do livro, somos pouco a pouco apresentados tanto à Macabéa quanto ao narrador, Rodrigo S. M. O narrador por muito tempo se preocupa mais em descrever e explicar sobre o processo de escrita do livro a apresentar a história da nordestina Macabéa, protagonista do livro. Ela, que é uma nordestina criada pela tia que se muda para o Rio de Janeiro, passa a ser conhecida a partir da segunda metade do livro, onde acontecimentos e atitudes mostram a personalidade frágil de Macabéa, uma moça solitária sem muita noção do que acontece a sua volta e que não tem noção da própria existência. (Acho Útil)

O livro causou estranhamento em muitos leitores, que encontraram na obra uma leitura bem diferente daquela às quais estão acostumados. Coisas de Clarice!

Começando a ler qualquer obra da Clarice você tem a impressão que ficará no meio do caminho, perdido numa trama neural desalinhada. Parece que o pensamento dela decolou simplesmente, partiu para um horizonte intangível.  Mas qual nada! Aos poucos vai-se deparando com a profundidade de cada personagem. (Claralamarca)

O estilo narrativo é bem diferente do usual, e não só por causa da metaliguagem. O autor fica o tempo todo expondo seus pensamentos e opiniões, ao menos tempo em que tenta não usar suas palavras como se fossem as da personagem (ele sempre avisa quando uma descrição muito poética é dele e não algo que ela teria pensado). Macabéa toma conta dos pensamentos de Rodrigo, ele precisa escrever a história dela. E ela é tão absurdamente patética e insignificante que por isso mesmo acaba se tornando importante. Sua rotina, os prazes que se permite, suas preocupações, tudo tem um ar de mediocridade. (Vivendo Entre Livros)

Clarice Lispector é um poço de reflexão. Através do narrador ela expõe os dilemas por que um escritor está cercado enquanto escreve, já que deve agradar o leitor e ao mesmo tempo, expor a realidade nua, crua e que não se gosta de ver. Em certo momento Rodrigo chega a dizer que "a vida é um soco no estômago". Para ele, a quem as desgraças de Macabéa não pertencem, fica fácil voltar para casa, para sua vida normal, assim que termina de contar a história dessa mulher. (Frannie)

Sem dúvidas, A Hora da Estrela não é uma leitura fácil, e é louvável que o Desafio Literário tenha levado tantas pessoas a ler a obra. Mas muitos leitores não se identificaram com o estilo de Clarice no livro.

A Hora da Estrela foi a última obra que Lispector publicou ainda viva. É um livro extremamente pequeno, mas poderia ser menor ainda se não tivesse tanta enrolação. A trama demora a iniciar por conta de toda a ladainha que o personagem que está contando a história diz para justificar o porquê está escrevendo sobre a retirante alagoana. Ele passa o tempo todo falando que,  como o escritor,  tinha a obrigação de falar sobre Macabéa, de contar sua insignificante história. E mesmo durante o desenrolar da narrativa, esse “lenga-lenga” continua. Não entendo a razão que Clarice teve para escrever desse jeito, talvez para sensibilizar o leitor. (Prateleira de Cima)

Achei uma história triste, deprimente que mostra toda tristeza e solidão de uma mulher sem consciência nenhuma de si própria, sem compreensão de sua própria existência, que se desconhece, ignora o mundo. Uma mulher que não se indaga, não se pergunta. Sua vida toda foi só sofrimento. Sinceramente não gostei da história, da linguagem, do todo. No final a sensação de um grande vazio. (Sueli Couto)

"A hora da estrela" é um livro chato. Um daqueles livros que a história roda, roda, roda e não chega a lugar algum... Não tem um climax... Faltou aquele momento de crescente, que vai tomando, tomando, tomando e depois oferece aquela surpresa no fim. (Coisas que eu sei...)

Claro que nem só de resenhas negativas viveu o mês. Houve muita gente que gostou do livro de verdade. Mas a resenha que melhor resume o sentimento em relação a A Hora da Estrela é a da Laura:

E finalmente o ciclo de livros ruins se quebrou! AMEI A Hora da Estrela! Que livro lindo! Bom, a história não é linda, mas o livro é. Parece poesia em forma de prosa! Delícia de ler. E olha que ele vai fundo na ferida. Realmente... isso é literatura de verdade. Chico Buarque tem muito a aprender. (Leituras de Laura)


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