Em sessão extraordinária, o DL tem a honra de apresentar o livro “Os Herdeiros dos Titãs -  de lutas e ideiais”, de Eric Musashi.

Os Herdeiros dos Titãs é o primeiro livro de uma dualogia que, ao modo de romance de fantasia, descortina um rico universo fictício inspirado em referências histórico-culturais e mitológicas de algumas civilizações antigas.

Em Grabatal, o Reino de Atala, instala-se um governo cuja prática dos maus costumes e da injustiça desencadeia a ruína moral e, por conseguinte, o enfraquecimento do espírito nacional. 
Sob esse pano de fundo, insurge-se uma tragédia familiar em que um sacrifício humano ordenado por Quetabel, rainha de Catebete (capital do Reino de Atala), coloca no centro dos fatos os personagens Téoder e Arion; pai e filho respectivamente.  Tal acontecimento é responsável pela distância relacional entre pai e filho. Ao longo da narrativa, vamos conhecendo o feitio moral de ambos os personagens bem como as suas motivações e anseios. Assim, constatamos que não apenas a correspondência sanguínea e genética explicam os laços de continuidade de pai para filho, mas a inequívoca vocação guerreira.

Téoder, é o Beli-mor (uma espécie de prefeito, juiz e chefe militar) de Catebete. Valente de caráter nobre, Téoder representa a integridade que a rainha Quetabel, pela fealdade de seu espírito corrupto, não pode respeitar, compreender e alcançar. Por não se deixar subjugar pelo poder e beleza extraordinária de Quetabel, torna-se alvo da obsessão dessa mulher rejeitada e inescrupulosa; sendo, com isso, obrigado a fazer a clássica “escolha de sofia”.  Escolha essa que o leva, a partir de então, a carregar uma culpa e dor indizíveis.

Arion, filho de Téoder, jovem idealista e revolucionário, abomina o reino que o seu pai, por força do ofício, representa. Tendo perdido a segurança do lar, ele leva uma vida nômade amparado por uma pequena rede de amigos conquistada nas duras lutas contra o sistema e em suas consequentes fugas. O caminho de Arion é quase biográfico. É possível perceber as mudanças de fases pelas quais atravessa até alcançar o amadurecimento pessoal. É bonita de ver a trajetória íntima do personagem. Vemos em Arion a criação de um destino em que o confronto com os medos mais íntimos e a necessidade de fazer suas próprias escolhas formam nele o homem e o seu caráter.

Nesse universo cheio de símbolos e significados, aproximar-se da história é como adentrar em um mundo perto e ao mesmo tempo distante.

Perto porque, mesmo  lançando mão da fantasia épica, Musashi  cria um mundo que não se distancia da realidade. É nítida a correspondência com o contemporâneo. Assim como na esfera do real,  o espírito dos tempos com a sua agenda cultural, religiosa,  política e social balizam os nossos hábitos e modos de viver e pensar, o romance expõe um espírito de época que muito reflete situações e dilemas vivenciados ainda hoje. De modo que as inquietações formuladas nas experiências, diálogos e pensamentos dos personagens ajudam-nos a pensar e a confrontar a realidade que aí está.

Distante porque lê-lo é como estar diante de uma descoberta arqueológica de uma cultura totalmente desconhecida, com os seus enigmas e mistérios a decifrar. Dentro desse universo, somos estrangeiros, de modo que se requer um tempo de adaptação para se familiarizar com as terminologias novas referentes à contagem do tempo,  às direções geográficas, entre outras práticas que fogem aos nossos costumes. Mas, essa adaptação ocorre rapidamente, pois o modo fluente com que a narrativa é contada conquista-nos o ânimo. Logo, torna-se difícil interromper a leitura. Um capítulo chama o outro, e cada episódio torna-se convite franco e aberto para o interesse.

A meu ver, “Os Herdeiros dos Titãs – Lutas e Ideais” não se encaixa em rótulos.  Há a linha romântica, há a linha fantástica, há a aventureira (a la capa e espada) e há um quê de romance de formação. A forma como Mushashi cria e ambienta a sociedade daquela época não se circunscreve a uma faceta só. Como em qualquer sociedade, a globalidade e diversidade do corpo social, com suas mentalidades e filosofias, desfiam narrativas coletivas e individuais distintas. Cada personagem conta a história à sua maneira. Trama e subtramas contribuem para forjar as razões e motivações que levaram os homens e as mulheres daquele tempo e lugar a pensarem, agirem e sentirem da forma como o fizeram.  A propósito, convém dizer que, embora dos fatos da narrativa infira-se a vingança, é no caminho da esperança e dos ideais  que  se constrói o legado dos valentes.

No mais, vale mencionar o que os seus olhos já registraram. A bela capa de Luis Felipe Camargo. A ilustração expõe logo de cara e, com muita poesia, o senso do desalento, da melancolia e da tristeza. Mas, a mistura das cores é confortante, inspiradora e está ali a prometer uma boa história. Se a capa nos laça pela via da curiosidade, a trama bem orquestrada nos prende pela via do prazer.  E a leitura passa ligeira, ligeira.

No contexto do DL, a leitura  é indicada para os temas de janeiro (Tema Livre), Agosto (Vingança) e Outubro (Histórias de superação).

Em tempo: 

"Os Herdeiros dos Titãs - A Mão do Destino" é o próximo livro da dualogia.

Para saber maishttp://osherdeirosdostitas.blogspot.com.br

NOVIDADE!  O autor Erik Musashi irá presentear um dos participantes do desafio de Abril com o livro “Os Herdeiros Titãs – Lutas e Ideais”. Não é uma beleza de notícia? 





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